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Desmistificando o Greenwashing nos investimentos ESG

ESG e Sustentabilidade

Entenda o que é greenwashing, seus impactos nos investimentos ESG no Brasil e no mundo, riscos, leis e como evitar ativos enganosos.

O que é greenwashing e por que importa aos investidores?

O termo greenwashing (ou “banho verde”) refere-se a práticas de marketing em que empresas se autopromovem como sustentáveis sem evidência real ou ação concreta por trás dessas alegações. Segundo estudo da PwC, 98% dos investidores brasileiros acreditam que os relatórios de sustentabilidade contêm informações não comprovadas XP Investimentos. Globalmente, o índice é de 94%.

Para o investidor individual em ESG, isso significa risco de investir em empresas que dizem ser “verdes”, mas cujo impacto real é inocente ou até negativo.

Onde o greenwashing já foi identificado e legislações existentes

Brasil

  • Não existe lei específica que puna greenwashing, mas o Código de Defesa do Consumidor (CDC) proíbe propaganda enganosa, o que abrange alegações falsas de sustentabilidade abgc.org.br.
  • A CVM, a partir de 2026, passa a exigir relatórios de sustentabilidade conforme normas do ISSB (International Sustainability Standards Board), que já foram homologadas no Brasil Wikipédia+abgc.org.br.

Outros países

  • União Europeia: A partir de 2026-2028, a CSRD (Corporate Sustainability Reporting Directive) exige divulgação rigorosa e auditoria de práticas ESG — reduzindo práticas de greenwashing EY.
  • Alemanha: O Tribunal Constitucional exigiu que empresas que usem expressões como “climate neutral” definam claramente o significado, sob pena de multas por propaganda enganosa Wikipedia.
  • Austrália e Canadá: leis como Trade Practices Act aplicam multas a declarações ambientais enganosas; o órgão canadense exige dados concretos para provas ESG Wikipedia.

Empresas como JBS foram processadas por promover programas “Net Zero” suspeitos, considerados greenwashing por ocultar desmatamento e emissões de clima InvestNews.

Como o greenwashing influencia investimentos

Ativos mais afetados

  • ETFs e fundos ESG: podem incluir empresas com ESG inflado apenas em divulgação pública.
  • Debêntures verdes e green bonds: algumas emissões podem prometer uso dos recursos para projetos sustentáveis mas alocar recursos em setores não alinhados.
  • Ações de empresas que divulgam políticas verdes sem execução efetiva (ex: desmatamento oculto).

Exemplos concretos

  • Green bonds emitidos com selo ESG que, na prática, financiam projetos controversos ou de baixa transparência.
  • ETFs globais que incluem empresas como JBS, cujas práticas são contestadas por relatórios independentes, conforme o caso Vale-Valegate e JBS citado acima InvestNews.

Vantagens e desvantagens de investir com atenção ao greenwashing

VantagensDesvantagens
Evita gasto com ativos de reputação frágilRequer análise aprofundada e relatórios ESG autênticos
Reduz o risco reputacional e jurídicoFalta de padronização nos relatórios ESG no Brasil
Potencial valorização a longo prazo com base realEmpresas podem maquiar metas com marketing enganoso
Alinhamento com normas globais (ISSB, CSRD, etc.)Processo manual de filtragem demanda conhecimento

Exemplos de investimentos ESG (com atenção ao greenwashing)

Brasil

  • Ações de empresas do ISE B3 como Natura (NTCO3), Suzano (SUZB3), WEG (WEGE3) — mas é fundamental validar os relatórios de sustentabilidade dar credibilidade real a programas ESG.
  • Debêntures verdes conectadas a projetos reconhecidos (energia solar, eólica) que seguem critérios ICMA e relatórios auditados.
  • Green bonds emitidos por construtoras ou incorporadoras: exigem transparência na destinação dos recursos.

Global

  • ETFs MSCI ESG, FTSE4Good ETFs e green bonds da União Europeia que seguem as normas rigorosas da CSRD e ICMA.
  • Fundos corporativos americanos em que investidores são processados pela SEC por alegações falsas de neutralidade climática (ex: Vale, JBS). Evite ETFs que não auditam seriamente os componentes ESG XP Investimentos.

🔗ICMA significa International Capital Market Association (Associação Internacional dos Mercados de Capitais).

Ela é uma organização sediada na Suíça que atua como reguladora e promotora de boas práticas nos mercados de capitais globais. Um dos papéis mais relevantes da ICMA hoje é estabelecer diretrizes para títulos sustentáveis, como:

  • Green Bonds Principles (GBP) – Princípios para emissão de títulos verdes;
  • Social Bonds Principles (SBP) – Princípios para títulos sociais;
  • Sustainability-Linked Bonds (SLB) – Títulos com metas sustentáveis vinculadas;
  • Sustainability Bonds Guidelines – Diretrizes para títulos sustentáveis em geral.

Essas normas da ICMA são amplamente adotadas por emissores, investidores e verificadores externos em todo o mundo como referência para garantir a transparência, a rastreabilidade e a credibilidade de instrumentos financeiros com selo “ESG”.

No contexto de greenwashing, mencionar a ICMA é importante porque ativos que seguem suas normas estão mais protegidos contra alegações de práticas enganosas, pois exigem relatórios, auditorias e comprovação do uso dos recursos captados.

Tributação envolvida

  • Ações e ETFs ESG: IR de 15% sobre ganho de capital (isento até R$ 20 mil/mês), dividendos isentos.
  • Debêntures verdes: quando são incentivadas, são isentas de IR para pessoa física. Com a nova regra, os rendimentos das debêntures emitidas ou integralizadas a partir de janeiro de 2026 passam a ser incorporados ao lucro tributável das empresas investidoras
  • Green bonds internacionais: geralmente tributados na fonte (ex: EUA retém 30% ou acordo com Brasil) e depois no ajuste anual, dependendo da estrutura do fundo.

Conclusão e caminhos para evitar greenwashing

  • O greenwashing é mais do que um problema de marketing: impacta a credibilidade do portfólio ESG e pode gerar perdas.
  • A falta de regulamentação no Brasil ainda abre brechas, mas a chegada do ISSB e da CSRD deve mudar esse cenário conjur.com.br.
  • Investidores devem exigir evidência real, certificação independente, auditorias e relatórios auditáveis.
  • Em vez de confiar somente nos rótulos “sustentáveis”, é necessário avaliar práticas reais e consistentes.

👉 Veja também nosso artigo sobre due diligence ESG para investidores individuais e investimentos ESG na B3.

Fontes externas confiáveis:

  • Deloitte sobre impactos do greenwashing no setor financeiro Deloitte
  • Relatório da PwC revelando percepção de greenwashing pelos investidores brasileiros abgc.org.br

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